O naufrágio mais valioso da história começa a contar seus segredos
O lendário naufrágio do galeão San José, afundado em 1708 na costa de Cartagena, Colômbia, está ganhando novas interpretações. Pesquisadores revelaram detalhes surpreendentes sobre as moedas de ouro descobertas no local, reforçando a hipótese de que os destroços pertencem ao galeão espanhol que transportava uma carga milionária.
A embarcação, parte da poderosa frota colonial espanhola, naufragou durante uma batalha naval contra os britânicos. Estima-se que o valor atualizado da carga ultrapasse R$ 95 bilhões — uma fortuna em ouro, prata e pedras preciosas.
Descoberta feita por veículos subaquáticos
Devido à profundidade e à fragilidade da embarcação, os cientistas optaram por realizar uma inspeção remota com veículos operados por controle (ROVs). As expedições realizadas entre 2021 e 2022 documentaram dezenas de moedas de ouro entre os destroços, capturadas em alta definição.
Essas imagens foram fundamentais para o estudo publicado na revista Antiquity, que identificou a origem, estilo e características únicas das moedas encontradas.
Como são as moedas do naufrágio do galeão San José?
As moedas, conhecidas como macuquinas, eram forjadas à mão, com formatos irregulares e marcas visíveis dos cunhadores. Têm cerca de 32,5 mm de diâmetro, 27 gramas de peso, e exibem símbolos distintos em ambos os lados:
Na frente, uma cruz de Jerusalém ladeada por castelos e leões.
No verso, os Pilares de Hércules sobre as ondas, símbolo da Casa da Moeda de Lima.
Além disso, algumas peças apresentam marcas de avaliadores — responsáveis por comprovar a pureza do metal na época.
Esses detalhes permitiram aos arqueólogos datar as moedas de 1707, o que comprova que foram cunhadas pouco antes do naufrágio, ocorrido no ano seguinte.
Disputa internacional pelo tesouro submerso
Apesar das evidências apontarem para o San José, a identificação oficial da embarcação ainda está em andamento. A Colômbia, que lidera as escavações, enfrenta desafios legais e diplomáticos.
A Espanha reivindica o direito sobre o tesouro, com base em convenções marítimas que atribuem à nação original a posse dos navios naufragados. Já a Colômbia espera usar parte dos recursos para financiar os trabalhos arqueológicos — embora sua legislação proíba a venda de itens históricos.
Conclusão: um mistério que pode reescrever a história
O naufrágio do galeão San José continua a fascinar arqueólogos, historiadores e governos. Suas moedas não são apenas peças de valor material, mas também testemunhos de um passado de exploração, guerra e riqueza colonial.
A cada nova descoberta, esse tesouro esquecido nas profundezas do mar ganha mais destaque — e pode, em breve, transformar-se no maior resgate arqueológico da história moderna.
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