Uma semana de trabalho reduzida pode trazer benefícios significativos para empresas e colaboradores. É o que revela uma pesquisa internacional que analisou quase 3 mil trabalhadores em 141 empresas de diferentes países. O novo modelo, que reduz a jornada de cinco para quatro dias por semana, sem cortes salariais, mostrou impactos positivos tanto na saúde física quanto mental dos funcionários — além de aumentar a produtividade das equipes.
O que é a semana de trabalho reduzida?
A semana de trabalho reduzida é uma alternativa ao modelo tradicional de cinco dias úteis, propondo uma escala 4×3: quatro dias de expediente e três de descanso. Essa estrutura vem ganhando força após a pandemia, especialmente em empresas que adotaram o home office ou modelos híbridos.
Estudo global mostra resultados promissores
Pesquisadores do Boston College, liderados pela socióloga Wen Fan, conduziram um estudo com dados de organizações localizadas nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. Todas participaram de um programa piloto promovido pela 4 Day Week Global, iniciativa que já conta com ramificações no Brasil.
O experimento durou seis meses e incluiu uma preparação prévia: as empresas passaram por uma consultoria para reorganizar suas rotinas, identificar gargalos e cortar tarefas desnecessárias. Um dos principais focos foi a redução de reuniões improdutivas, que podiam ser resolvidas por e-mail, por exemplo.
Benefícios da jornada de quatro dias
Durante o período de testes, quase 3 mil colaboradores preencheram relatórios que avaliaram a produtividade, saúde física e bem-estar emocional. Em comparação com um grupo de controle, os funcionários que atuaram sob a nova escala relataram:
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Redução significativa nos níveis de estresse e burnout
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Melhora na qualidade do sono e energia durante o dia
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Aumento na motivação e satisfação com o ambiente de trabalho
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Sensação de mais controle sobre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Esses efeitos positivos foram sentidos por profissionais de diferentes idades, gêneros e regimes de trabalho — presencial, remoto ou híbrido. Curiosamente, supervisores e líderes de equipe relataram benefícios ainda mais intensos.
Debate no Brasil: será possível adotar esse modelo?
Enquanto o mundo experimenta a semana de trabalho reduzida, o tema também começa a ganhar espaço no Brasil. Em fevereiro, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma proposta de emenda constitucional para abolir a escala 6×1 e implementar uma jornada máxima de 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias.
Apesar da resistência no Congresso, com 70% dos deputados se opondo à mudança, o assunto está na pauta — impulsionado pelo movimento “Vida Além do Trabalho” (VAT), que questiona a lógica exaustiva do atual modelo laboral.
Mais de 90% das empresas mantiveram o novo formato
O dado mais impressionante vem da taxa de adesão ao final do estudo: mais de 90% das empresas optaram por manter a semana reduzida após o piloto. Mesmo sem uma resposta definitiva sobre quais fatores causam tantas melhorias, os resultados sugerem que trabalhar menos pode significar trabalhar melhor.
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